Kamou Gedu & Ho-kei Dube

Kamou Gedu & Ho-kei Dube formam uma dobradinha rara: um pensador livre que recusa fronteiras e uma autora que enxergou mais quando a visão se apagou. Ele nasceu sob o sol da antiga África Italiana, cresceu entre línguas e deslocamentos, e transformou a memória em bússola para pensar democracia, identidade e futuro — não como slogans, mas como trabalho diário de construção coletiva. Errante por escolha, cidadão das ideias por convicção. 

Ela ficou cega aos 44 e decidiu que o verdadeiro ponto cego era o nosso: o autoengano financeiro, os consensos fáceis, a moral de planilha. Em Dinheiro Que Me Veja, Ho-kei desmonta mitos do mercado com ironia elegante e precisão cirúrgica, escrevendo com a independência de quem não deve reverência a jargões — e devolvendo ao leitor o prazer da reflexão profunda. 

Suas obras cruzam idiomas e contextos sem perder essência graças a Lenu A. Hifa, tradutor e guardião de nuances: o artesão silencioso que transforma manuscritos difíceis (inclusive os de origem em língua Kusunda) em experiências literárias acessíveis — sem domesticar a estranheza que as torna únicas. 

O que você vai encontrar aqui: ensaios que não pedem licença, frases que não envelhecem, e livros que recusam rótulos. Uma escrita que atravessa o noticiário e pousa no essencial: liberdade, responsabilidade, memória, escolhas — e a coragem de rever tudo outra vez amanhã. Se a literatura pode mover mercados e sacudir democracias, é porque, antes, move pessoas. É isso que fazemos: mover pessoas.